quinta-feira, 26 de junho de 2014

Uma carta para a Meggy

Pois é minha gorducha... um mês se passou.
Os primeiros dias foram os piores, os dias em que mais chorei pela tua ausência. Foram os momentos que só a presença do Freddy atenuava a minha saudade tua...

Nestes trinta dias que passaram, fizemos algumas coisas até que muito interessantes, diria que ajudaram muito a não pensar na tua partida. Viajamos, estivemos em tua terra natal. Ah, nesta viagem as coisas começaram a ficar doloridas quando sem mais nem menos, éramos acometidos por alguma lembrança, imagem ou simplesmente pensamentos.

Não teve como não chorar ao contar de tua partida para as pessoas que te amaram junto com a gente, desde tua vinda para nossas vidas... Não escapei das lágrimas, ao lembrar que tu partiste assim tão repentinamente sem ao menos dar tempo ao meu coração...

E ao ver cada Lhasa no domingo do Brique da Redenção, era como se eu pudesse te sentir ali junto com a gente, através da energia, do amor que sempre te dei... Olha, não eram poucos. Há treze anos atrás eras tu, nossa guriazinha que passeava no meu colo, ali, no sol, na delícia de um domingo em Porto Alegre.

Eu quero te contar que a pior de todas as partes foi voltar para a casa. Chegar sem a perspectiva de esperar tua volta. De não sentir a murrinha que tanto eu gostava, de ti, minha peludinha... Ah, mas eu então caí em mais lágrimas... O filme da tua partida veio com força total, e meu coração apertado e dolorido só pensava se tu estás bem, se tu ainda lembras de mim, onde quer que tu estejas...

Então minha Memé, este primeiro mês eu passei. Não sei se venci, mas suportei tua ausência apenas reforçando para mim mesma uma certeza: um dia a gente vai se reencontrar e vou poder te dar meu colo, meu sempre amor e não mais as lágrimas de saudade.

Te amo, minha filha peluda! Quero que tu estejas latindo, pulando, correndo e com um coraçãozinho muito saudável batendo aí, no céu dos cãezinhos!



quinta-feira, 5 de junho de 2014

A esta altura da minha vida, vi(vendo) o fechamento de ciclos...

Um dia contei aqui sobre os filhos da Mamytri - sobre humanos e caninos. A considerar pela prole (não-parida e parida), eu deveria ser considerada Mamypenta - porque são cinco filhos neste misto de espécies... Assim, repito que minha identidade materna iniciou sua formação em 1998, quando um peludinho que vim a chamar de Freddy veio para minha vida - sob a forma de um presente de aniversário antecipado e que mudaria tudo o que eu nunca soube sobre cachorros.
Freddy era meu companheiro de saídas pelas aventuras em Porto Alegre. Íamos direto em shopping, casa de amigos/parentes e até na FACED/UFRGS ele chegou a ir - sempre no meu colo, sempre vendo o mundo com a altura dos olhos quase em meu ombro, nunca do chão pra cima...
Ele sempre foi um bicho animado, sociável, saudável e ao mesmo tempo propenso a ter dermatites e algumas irritações na pele, talvez sendo características de sua raça Lhasa Apso. Inclusive, nas descrições que se encontra a respeito do temperamento da raça, falam em ser um cão reservado e de pouca "festa" para estranhos...o quê? Freddy sempre negou estas características...
Ele ficava sozinho enquanto eu ia para a faculdade. Tomava conta do apartamento em que eu já morava com o meu marido. Cada vez que chegávamos em casa era uma alegria que só, o bicho ficava tão alucinado que fazia xixi de tão feliz com a nossa presença.
Achávamos nosso filhote tão lindo e tão perfeito que chagamos a levá-lo para participar de exposições do Kennel/RS. O cara recebeu muitos títulos como Jovem Campeão, Campeão, Grande Campeão e Campeão Panamericano. O ano de 1999 foi o período destes eventos.
Então diante de um lindo Lhasa especial como este, quisemos uma menina Lhasa para num futuro adiante, procriar com o Freddy e podermos guardar sempre um pedacinho dele com a gente. Foi então que a Meggy veio para nossa vida. 
De início ela já era frágil - e não bastasse a fragilidade dela, eu fiz a besteira de administrar um vermífugo sob a forma de comprimido pra ela, quando deveria ter utilizado solução oral... Foi muito preocupante ver minha filhotinha passando mal e suscitando possíveis diagnósticos de zoonoses como parvovirose, e outras "oses" dessas bem assustadoras. Entrei em desespero porque temia que minha bichinha não sobrevivesse. Nem bem tínhamos nos conhecido e eu já a amava tanto que sequer poderia imaginar em perdê-la...
O tempo passou bem, mas no ano seguinte ela teve outro problema sério: luxação de patela, e nem bem meu primogênito humano havia completado 40 dias, lá estava eu levando a pequena para ser internada e operar a sua primeira cirurgia... Correu tudo bem, minha luta era apenas para evitar que ela mordesse os pontos e que sossegasse, pois precisava de repouso neste período pós-operatório. Ficou ótima, não teve mais problema de saúde nenhum e virou uma comilona gulosa e briguenta com o seu companheiro Freddy.

O temperamento da Meggy nunca foi parecido com o do Freddy. Ela sim, fazia jus à descrição dos Lhasas: pouca festa mesmo! Carinhosa, personalidade forte, mas sempre foi mais sociável com pessoas do sexo masculino. Inclusive, em minhas duas gestações de meninos, ela detectou o sexo dele antes de qualquer ultrassom... Ficava perto de mim me cuidando e sempre como que quisesse me proteger. Comportamento completamente diferente da vez que engravidei da menina...
Então em 2011, Meggy me deu mais um susto: teve piometra. Mai uma vez foi submetida à cirurgia, desta vez com internação hospitalar e novamente morri de medo de perdê-la. Mas ela se recuperou muito bem, inclusive bem demais que chegou a engordar muito depois disso.
Aqui em casa cachorros e crianças sempre se deram bem. Nunca precisei pensar na possibilidade de me desfazer/abandonar meus bichos em razão do nascimento dos humaninhos... As relações se tornaram complementares e ricas...
O tempo passou mais uma vez, nestes quase três anos que seguiram, a dupla de cachorros veio envelhecendo bem. O Freddy apresentando sinais avançados de envelhecimento e ao completar dezesseis anos, pensei que talvez fosse seu último aniversário...
Pensava que seria muito triste para Meggy o dia que Freddy partisse. Ela era realmente muito grudada com ele - apesar de quase se matarem brigando...Mas sempre se entendiam...
Foi então que no dia 21 de maio de 2014, Freddy decidiu não querer saber de comer mais comida. Bebia água, foi ficando cada dia mais magro. Olhávamos para ele e pensávamos: talvez sejam seus últimos dias, horas, sei lá... E sempre a Meggy ao lado dele, ali amparando nossa tristeza prévia... No dia 22 de maio, Meggy estava com uma tosse engasgada. Chegamos a pensar que tivesse engolido qualquer besteira da casa...Mas estávamos focados em Freddy, nosso ancião que parecia anunciar despedida...
Então, após inúmeras palavras e lágrimas derramadas pela talvez partida de Freddy, sentei no sofá da minha sala e me distraí com minhas coisas. Em menos de meia hora sentada ali, veio a Meggy, deu dois passos e se jogou no chão e virou de lado. Nisso, passou a escorrer um líquido ao canto de sua boca...Era seu pulmão perfurado, consequência de uma insuficiência cardíaca, que eu nunca antes pudera imaginar que ela tivesse...E em poucos minutos, seu coraçãozinho silenciara e minha filha peluda não mais viria ser minha companheirinha nesta vida...
Sofri e ainda estou sofrendo com esta partida totalmente inesperada. Claro que sei que um dia a morte vem a fazer parte da vida, mas não assim, não de repente. Chorei muito porque me culpei em não ter investigado a tempo. Chorei porque não mais escutaria suas patinhas tilintando no piso da casa. Chorei porque não mais olharia aquela expressão de ternura que só minha Meggy sabia exprimir com seus delicados olhinhos...
Então com meu coração sangrando, liguei para um serviço de cremação para cachorros. Nunca havia visto a morte tão de perto, nunca havia perdido ninguém tão próxima de mim. Por mais que ela fosse fosse uma canina, ali dentro daquele corpo havia a alma de uma companheira, uma amiga...
Minha semana iniciou triste, vazia, de olhos inchados e coração lavado em lágrimas. Mas Freddy estava aqui ainda. Eu precisava cuidar dele até que decidisse partir. Mas para ele eu estava pronta, sabia que a qualquer momento cessariam suas forças e seu corpinho frágil se desligaria deste mundo.
Foi então que vi Freddy fazendo valer meu pedido: "só vai quando tu sentir que ficarei bem, Freddy"... Aliás, ele se despediu de mim e no adormecer, partiu, sereno, suave, em muita paz. Chorei com menos desespero, menos peso nos olhos e com a alma serena também: fiz minha parte, cuidei e amei ele a cada minuto desde que entrou na minha vida...
E hoje, quarta-feira, chegaram as cinzas deles dois, do crematório. Tive minha nova crise de choro...Estava diante de restinhos dos meus peludos. Tanto pelo, tanta história vivida resumida numa caixinha pouco maior ou regulando com uma caixa de música destas de bailarina que dança...
Minhas caixinhas não tem música, mas têm muito sorriso e amor...Foram 16 e 13 anos repletos de parceria, aprendizados e uma longa e linda caminhada que fizemos todos juntos...
Eu quero aqui agradecer a todas as pessoas que foram minhas companheiras e solidárias nestas duas partidas quase que simultâneas, amigos e amigas reais e virtuais que acompanharam meus relatos. Pessoas que ampararam minhas lágrimas com muito carinho e colo... E diante de tudo isso cá estou, triste, mas não totalmente triste, não desesperançosa, não fechada para novas histórias. 
Em minha vida com cãezinhos o que muda agora é que sei que a morte é certeza, às vezes ela demora, às vezes ela vem rápida, mas ela vem... E aprendi também que não me arrependo nenhum segundo da forma como amei meus filhotinhos e como eles tiveram vidas dignas e repletas de afeto. E assim, Freddy e Meggy concluíram seus ciclos de vida, da deles e da deles conosco...Não penso em morte, no nunca mais...Escolhi pensar que ambos pegaram um vôo direto para alguma ilha paradisíaca e lá foram viver o amor deles em muita paz!
Freddy e Meggy, um dia a gente volta a se encontrar...




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