sábado, 29 de março de 2014

Me dá um pedacinho?

Quem lembra dos tempos de escola, da hora do lanche?
Pois eu lembro bem das minhas, principalmente daquelas bem antigas do tempo em que eu estava lá nas séries iniciais... Tem muitos anos isso!

Mas então, sobre a minha história...tínhamos vinte minutos de intervalo para lanchar e aproveitar o recreio. Era sempre um espaço de tempo bem aproveitado porque dentro dele deveriam caber: necessidades fisiológicas, ida à biblioteca/secretaria, brincar, reler algum assunto para apresentar oralmente, comer, correr ou bater papo com as amigas e amigos. Assim sendo, caso algum dos compromissos demorasse mais tempo, prejudicava os demais. Mas comer era sempre o prioritário.

Eu costumava levar lanches nada saudáveis, como biscoitinhos salgados, recheados, refrigerantes, etc, mas nunca leite, bolos, pão. Minha alimentação se dava através de industrializados mesmo, de preferência embalados em saquinhos plásticos e garrafas de vidro.

Os tempos passaram, mas vieram os filhos. O caçula lancha o que é servido na própria escola - não é permitido levar nada, exceto em casos de intolerância alimentar ou alergia a alimentos. O mais velho não protesta contra achocolatado ou bebidas à base de soja nas caixinhas, e até aceita levar bolos e pães ainda que industrializados, mas menos piores do que os biscoitinhos fritos e embalados... Já a guria...bem, esta realmente complica a organização da lancheira diariamente. Para ela só pode ir refrigerante, biscoitos, salgadinhos de pacote, cereal em porção individual e sem leite, e por aí segue a lista...

Tenho pleno conhecimento de que não mando um lanche "saudavelmente correto", mas acabo caindo no dilema de que prefiro este preenchimento precário do que saber que minha filha ficou com fome durante a tarde. No entanto, este tipo de conduta por nossa parte, digo nossa porque minha filha pede o que gostaria de levar e eu me torno cúmplice porque propicio, gera alguns constrangimentos.

Não foi uma nem duas vezes que minha filha se viu "obrigada" a dividir suas besteirinhas, com as colegas. Ela sempre costuma oferecer, por vezes trocar e também experimentar biscoitos das amigas. Prática comum entre elas. Tranquila, quando é da vontade de todas o compartilhar. Mas torna-se um incômodo quando o processo passa do estágio de parceria para obrigação. As colegas chegam a chamá-la de egoísta, porque ela não quer dividir seus biscoitos em determinado dia. Então eu pergunto, qual seria a porção que eu deveria enviar para o lanche na escola? O suficiente para alimentar um grupo de quantas crianças? 

Não me oponho ao compartilhamento, absolutamente. Meu protesto é com esta postura de algumas crianças que estão sempre desejando o lanche alheio - principalmente se ele for destes menos saudável possível. Eu bem tento fazer com que minha filha varie o cardápio, insira bolos caseiros, leite, cereais, pães entre outros, em sua merenda. Mas não sou convincente o bastante para o paladar dela aceitar... 

Assim, o que explico aqui em casa é que a porção de comidinhas para o lanche é sempre o suficiente para que uma pessoa possa dar conta, durante o intervalo. Levar além implica em sobra, levar aquém deixa com fome. O que não é certo é ela ficar incomodando colegas porque o biscoito delas é mais gostoso de que o seu. Por esta razão, prefiro mandar o que ela realmente gosta a ter que submeter amigas a qualquer tipo de constrangimento.

Compartilhar espontaneamente é gostoso, saudável, prazeroso. Ser forçado a fazer uma "doação",  já foge de tudo que o compartilhamento poderia gerar. Chegamos a um acordo aqui em casa: daqui pra diante, só porções limitadas e suficientes para atender às necessidades da minha filha. Prefiro uma filha "egoísta" mas alimentadinha, do que uma "generosa" com fome. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Sai pra lá! A festa é minha!

Se o assunto é festa, costumamos receber com alguma emoção o contexto que a cerca... Seja pensando em quem está fazendo uma festa, seja na gente enquanto participante do evento, seja no grupo de pessoas que estarão presentes, enfim, a palavra festa, sempre traz consigo algum tipo de movimento em nossas ideias e sentimentos - quaisquer que sejam ou possam estar associados.

Hoje meu filho mais velho trouxe o assunto "Festa de Aniversário" de uma colega de sala. No entanto, o assunto não se tratava de um convite, mas sim da inexistência do mesmo. Ele contou que além dele, outras pessoas também não foram convidadas para comemorar o aniversário da menina. Senti na voz dele o tom do não entendimento, da incompreensão por este incidente.

Ele referiu que se a festa fosse exclusiva para as meninas, ele entenderia e nem faria questão de estar presente. Acontece que entre as crianças da turma, o assunto de hoje foi planejar a ida na tal festa - a qual ele sequer tinha conhecimento de local ou horário, ou mesmo a idade que a menina está completando, porque não recebeu qualquer tipo de convite escrito, oral, por telefone ou o que fosse.

No primeiro momento, ao escutar o relato dele, meu coração apertou. Fiquei imaginando como poderia estar sentindo o coraçãozinho do meu menino que a esta altura da vida - tão recente iniciada vida no que se refere a um conceito mais social/racional/emocional... Confesso que fiquei com um certo desconforto, não ódio, não desprezo, mas incompreensão. A primeira pergunta que fiz a ele foi se acontecera algo desagradável entre eles, algum tipo de desentendimento, briga ou o que fosse. Meu filho disse que não, e ele próprio seguia sem saber porque ele e alguns outros colegas haviam sido excluídos.

Sinceramente eu não faria a menor questão de levá-lo em uma festa bem em dia de semana, véspera de dia de teste na escola. Mais ainda, não gosto da ideia de deixar e buscar em local de festa algum - considero meu filho ainda indefeso para ficar em ambientes/eventos nos quais não estejamos ou eu ou o pai presentes. Porém isso realmente depende de cada grupo familiar, e aqui em casa é assim que funciona...

Meu posicionamento como mãe é o de que aqui em casa, caso fôssemos fazer uma festa e a maioria dos convidados fosse os amigos e amigas da escola, os convites seriam distribuídos em sala: para o grupo todo. E se houvesse a restrição ou seleção de convidados, faríamos convites pelo telefone e pediríamos a discrição dos convidados justamente por se tratar de um número restrito enfim. Jamais eu sentiria tranquilidade em saber que uma festa minha(ou daqui de casa) estava sendo assunto para uns e fato desconhecido para outros.

Histórias com viés deste tipo, magoam, geram incertezas, inseguranças e até talvez inimizades. Lidar com sentimento de rejeição pode acontecer de forma suave ou dolorida, dependerá da estrutura emocional que a criança/adulto já possui construída internamente. Aqui em casa conversei com meu filho que uma festa é algo realmente pessoal - as pessoas não têm a menor obrigação de estender convites a quem não queira, isto é fato. Não questiono o direito ou vontade da aniversariante em relação ao seu seleto grupo de convidados, absolutamente. Questiono é a postura da família sobre este fato, sobre avaliar junto à filha se ela sentiria conforto e indiferença, caso acontecesse isso com ela: ser excluída. 

Socialmente estamos sujeitos o tempo todo a situações como esta. Nem sempre nos querem, nem sempre queremos. O que realmente vale em todo este conjunto de pensares, é que estamos preparando adultos de alguns anos aí pela frente. Temos preocupações com o que estão estudando, aprendendo, vivendo e cabe também fazer ganhar presença  um coração que se aqueça com bons sentimentos - emoções queridas, carinho, acolhimento, amizade e agregações.

É em casa, na família e no que propiciamos a nossos filhas e filhas que ganhará corpo este tal de caráter- figura esta que dinheiro, poder ou beleza são (feliz ou infelizmente) incapazes de comprar os de melhor espécie. E fica a critério de cada grupo, escolher qual legado pretende que os(as) seus(suas) perpetue pela vida a fora... 



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