quarta-feira, 22 de maio de 2013

Educação começa em casa

Há muito tempo que se escuta que boas maneiras, bons modos e respeito se aprende em casa. Não é recente a preocupação das famílias em ver, criar e estar sempre em contato com  pessoas capazes de estabelecer uma comunicação cordial e amigável: educada!

Mas nem sempre isso costuma desenvolver-se de forma muito amena. Fato, por vezes ignorado, é o de que para educar é preciso ter o mínimo de educação. Não me refiro apenas àquela do por favor e do muito obrigado (que por si só, já seriam longos passos dados), mas a educação da sensibilidade. Ser educado no sentido de às vezes calar, para não ferir. Usar de educação (já cantava Cazuza - Codinome Beija-flor) para poder saber a hora certa de falar e o que dizer no discurso.

O ponto da educação a que me refiro neste post é sobre crianças e agressões desnecessárias. Muitos de nós podemos voltar nos tempo de escola e reviver pequenos momentos desagradáveis do convívio social de nossas lembranças. Lembram o quanto o bullying era realizado e inserido nos contextos como "brincadeirinhas"? Ridicularizar colegas pela aparência física, pelas características visíveis, pelas roupas, pelas condições sócio-econômicas, entre outros, era prática comum nas escolas das décadas de 80, 90 e até nos anos 2000 mesmo. Não que hoje isso não aconteça. Claro que ainda acontece, mas há olhos atentos e proteção um pouco mais presente.

Estes julgamentos iniciam na casa de nossas crianças mesmo. Por vezes um comentário crítico, aparentemente sem maldade, é o que acaba sendo o mais internalizado na articulação de pensamento e conduta de algumas pessoas -principalmente crianças. Se  em um ambiente familiar, o assunto é sempre criticar algo, prestar atenção em detalhes irrelevantes de outros ou mesmo usar destes recursos para mascarar (ou tentar) falhas e recalques pessoais, a perspectiva de uma criança inserida neste contexto, infelizmente não pode fugir às bases.

Ainda hoje aconteceu uma situação com minha filha na escola. Um menino ridicularizou a voz dela e também atribuiu à ela um adjetivo utilizado para referir e também depreciar o irmão dela: alienígena. Em um primeiro momento, a mãe que me povoa rugiu mais alto e queria atacar impulsivamente: ir na escola, convocar reunião com a coordenação e questionar com que direito o pirralho agressor usa desta fala para atingir a minha prole? Mas não!

Chamei a Psicopedagoga que com a mãe costuma dividir a morada e elas conseguiram racionalizar a situação. Questionei de meus filhos como iniciou a adjetivação. O que eles fizeram para isso ocorrer?  E de que maneira eles lidaram com isso? E por fim, avaliamos em uma conversa a três  - eu e eles dois, qual a solução para o caso.

A minha atuação foi no sentido de encorajar eles a terem atitude verbal, falarem ao invés de tentarem chorar,sentir-se ofendidos ou mesmo partir para agressão física ou mais ofensas. Conversei com eles que dizem por aí, até eles mesmos trouxeram exemplos, que os alienígenas são dotados de alta inteligência. São seres superiores, são melhores do que os terráqueos. Meu filho até referiu que as próprias armas dos aliens dos jogos de videogame são a laser, "megapoderosas" segundo ele - já as dos terráqueos restringem-se a arminhas de tiro de balas e nem perto do poder de seus alvos...

De toda a situação fica claro que a criança que agride está pedindo socorro. Este socorro pode ser limite (o famoso que nem todo mundo conhece ou sabe usar), pode ser a necessidade de atenção, uma carência afetiva disfarçada de ataque ou mesmo a tentativa de jogar para o outro algo que ninguém venha a reparar nele então. O menino que ataca meus filhos é gordo, sente a necessidade de falar alto e se manifestar sempre de forma chamativa nos lugares escolares onde se encontra - desconheço em sala de aula, mas as crianças disseram que ele se comporta desta forma. 
Meus filhos são magros, saudáveis, inteligentes e comunicativos. Não são melhores do que ninguém, mas são unidos, são felizes e passam isso para quem os observa. Talvez aqui já resida o primeiro ponto a ser atacado pelo garoto: "eles são felizes, são unidos, então vou lançar uma tentativa de frustração" (ainda que inconsciente).

Fico pensando se ele conta em casa que costuma tentar ofender seus colegas...E como reagem seus familiares, caso ele fale sobre este assunto...Porque aqui em casa conversamos sempre. A pergunta que eles costumam ter em mente, antes de qualquer outra coisa, é como a outra pessoa se sentiria caso estivesse escutando ou vivendo uma determinada agressão. Nosso trabalho é diário no que diz respeito à colocar-se no lugar das pessoas com quem convivemos e realizar o exercício de sentimento. Desta forma eles conseguem imaginar como seria dolorido escutar certas coisas ou mesmo pedir para que um menino como este pare e pense sobre o que pode estar causando nas pessoas a quem adjetiva.

Eu acredito que o papel de mães, pais, familiares e grupos antes de mais nada é o de homogenizar as relações. Buscar harmonia nos convívios. Atenuar comportamentos que possam a vir destoar nas parcerias em que se pretende estabelecer. A educação acontece nas pequenas atitudes, desde quando mãe pede para filho fazer-lhe um favor como fechar uma porta até atitudes mais elaboradas como a de usar a retomada de conversas para se rever discussões ou mesmo algum mal-entendido...

Então com este fato, pedi a meus filhos que tentem uma conversa amigável com o garoto no sentido de que lhe expliquem aquilo que ele não traz de casa, mas tomara aprenda na escola: o respeito pelos demais. E caso não adiante a conversa a nível de um entendimento e fim de ofensas, indiquei-lhes convocar a coordenação, para uma intervenção mais linear. Eu poderia entrar nesta deixa, mas decidi entregar a meus filhos o exercício da autonomia, do questionamento, da busca por respostas e por conseguinte, no escutar de suas queixas.

Assim, finalizo meu desabafo de hoje pedindo a todas as mães e pais que escutem sempre seus filhotes e, na medida do possível, fortaleçam-nos no que diz respeito à auto-estima e ao fortalecimento da imagem que constroem para ser vista pelos outros. E que amem seus filhos e filhas verdadeiramente a ponto de saber a hora de dizer-lhes sim e não quando necessário. Ah, e que sejam críticos sim! Mas antes de externalizar qualquer opinião, que  avaliem em si próprios o grau de suas perfeições!

http://alobarravelha.blogspot.com.br/2012/11/bullying-pratica-antiga-recorrente-em.html




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