quinta-feira, 16 de maio de 2013

A mãe que eu quero ser lembrada - parte II



(este post é a parte II de uma trilogia!)
Em julho de 2005, o primogênito (com 2 anos e 10 meses) estava entrando na escola- sim porque andava muito agitadinho e atribuí esta inquietação à necessidade de estímulos, do convívio com outras crianças, dentre outras tantas teorias maternas. O cara estava grandinho! Parecia que estava efervescendo, ebulindo demais da conta! Era hora de pensar em educação formal para ele. Não concordo com o termo creche para este caso, porque mais do que a necessidade de alguém para ficar com ele, era preciso promover trocas sociais, construção de novos conhecimentos e novas vivências culturais. Sim, meu filhote precisava de ESCOLA! 

Era uma escola de Educação Infantil, e na época ia até o 1o. ano (antes dele havia o C.A - classe de alfabetização). Era um espaço muito aconchegante, uma casa virada em escola. Grupos pequenos, poucas turmas e bem possível de ir conhecendo a todos em algum momento, pois lá no turno integral, a opção bilíngue agregava diferentes faixas etárias. Lá conhecí uma mãe (amiga até hoje) que estava grávida de três meses. Eu disse a ela que ela era doida, com um filho pequeno que nem três aninhos tinha e tal, enfim, ela riu e não parecia preocupada com minha fala. Eu não me imaginava grávida mais uma vez em menos de uns 2 anos...Pretendia dar uma diferença de cinco anos entre uma gestação e a outra.





Eu não estava exercendo minha formação em prática remunerada, Costumava brincar com meu marido que mãe com Pós-Graduação implicava sempre em mão-de-obra mais qualificada, portanto, mais cara... Enfim,eu acabei optando e de certa forma me acomodando no exercício da profissão de mãe mesmo. Não planejava uma segunda gravidez, embora desejasse ter mais um filho ou uma filha. Bem verdade que se em meus sonhos houvera a inversão de fatos, quem sabe o próximo bebê viesse minha menininha...



agosto de 2005



Vieram as férias daquele semestre que nem bem havia começado, e fui com meu filhote viajar para Porto Alegre, matar as saudades dos parentes. Trabalhão de aeroporto, puxar mala de esteira, canseiras várias, mas lá fomos nós dois, aventurar em solo gaúcho. Quando voltamos, mais uma vez grandes esforços físicos e rotina normal até que, o período menstrual que deveria acontecer no início de agosto simplesmente me ignorou... 



Bem, corri para fazer exame de farmácia porque diante do atraso sempre pinta uma intuição (desejo?) de gravidez. Deixei o guri na escola e corri para comprar um teste- minha cabeça estava começando a pirar, que até sem carteira eu havia saído de casa naquele dia. E assim, lá estavam os belos dois risquinhos, muito bem marcados em rosinha na plaquinhas do teste. Pois é, quem era a doida mesmo? Se não queria engravidar por que não havia se prevenido e etc?! Corri para o laboratório para a certeza. Lá estava bem clara a contagem de 457 ui sei lá o que.



grávida e nem sabia...


E agora, como seria? Um fora e outro bebê dentro... Família longe, sem perspectivas de voltarmos para Porto Alegre, um apartamento comprado e ainda não entregue...O que pensar? Ao mesmo tempo que invadida pela esperança de ter minha guriazinha, povoada pelos 36998765499976999 pensamentos sobre o que seria do futuro com dois filhotes numa cidade sem apoio de minha mãe e irmãs nesta nova etapa de vida. 


Em minha cabeça estava mais do que certo que era a minha menina que viria- desta vez, antes mesmo de saber da gravidez, acho que tivemos um contato destes meio inexplicáveis pela razão humana, destes em que a gente sente uma coisa, vê e mais tarde ele vem a ser confirmado. Eu explico! Uns dias antes de viajar eu tive a nítida sensação de segurar em meu colo uma menina careca e de vestido de tricoline, senti o tecido em meus dedos e este bebê estava já numa fase de seus sete meses, em pezinho, e eu dava aquele colo em que ficam de pula pula, sabem como é?


Não me contive, fiz exame de sexagem fetal com 10 semanas. E quando veio o resultado, mil lágrimas brotaram em meus olhos e uma imensa alegria invadiu minha alma! Sim, era a minha tão sonhada guriazinha! Meu mundo agora seria tomado pela cor rosa, pelas bonecas mais lindas e por muita doçura!  

Um casal, estava ótimo! Houve um porém em meus sonhos...quando fui fazer a ultra de transluscência nucal, a médica veio com um papo de que achava que meu bebê era homem... Eu insisti em dizer que não poderia ter dado errado meu exame, não tinha cromossomo Y e como assim, ela achar por achar? Lá fui eu pedir para o laboratório repetir o exame. E felizmente meu sonho era realidade: Manuela estava comigo! Quando eu contei da viagem, eu me surpreendi comigo no sentido de que com a força física que realizei poderia provocar algum sangramento, sei lá e nem vir a saber que já estava grávida. Minha filha viera para ficar, era tempo dela!


Minha vida foi mudando pouco a pouco, não era possível planejar o quartinho dela porque morávamos num apartamento de dois quartos e estávamos esperando a conclusão da obra do nosso de três - ah, o plano era encomendar o segundo bebê quando já estivéssemos por lá. Mas isso já havia sido eliminado do plano inicial, bebê na barriga só teria seu quarto lá pelos seus sete meses...Não me desesperei. Arrumei um jeito de pensar em dividir o quarto de menino para um quarto meio-a-meio. Seria temporário, só o período até mudarmos  para nosso cantinho mais definitivo.


O mano nem estava muito ligado, também teria três anos e meio quando a princesa chegasse... Ele tadinho, via a barriga da mãe dele crescer, ela se estressar toda hora e com certeza, se sentia menos atendido porque os colinhos e alguns pequenos esforços foram sendo mais restringidos.

Quanto aos programinhas a dois, se durante quase 3 anos não fomos a teatros, cinemas, jantares românticos de casal, viagens de final de semana de namorados-casados, motéis, foundues a dois, blá blá blá e etc, como seria agora então? Com duas crianças para dar conta? 

Durante os primeiros meses eu enjoei muito também, tal da primeira vez. Não engordei muito, mas com medo de inchar já tratei de fazer drenagem logo no 4o mês. A realização era muito grande. Já tinha passado por isso mas viver tudo de novo e com uma pessoinha que vinha para complementar minhas mais profundas ambições maternais, era a glória das glórias.


Eu nunca imaginei um estereótipo de filha, queria sempre pensar em nossa parceria, nossas caminhadas juntas, nossa amizade. Não me importava pensar em traços físicos ou intelectuais, eu queria mesmo era viver aquele sonho de ter uma grande amiga!


Durante a gravidez dela, eu fui aprender a fazer decaupage, coisinhas em artesanato, cuidar com bastante detalhe o enxoval dela todo. Coisas eu fiz, coisas vieram de Porto Alegre, comprei por aqui, e assim fui compondo o kit de chegada da minha pequena.
Esta segunda gestação me fortalecia ao mesmo tempo que povoava minha cabeça com incertezas, medos, receios, inseguranças e fragilidade. Agora eu já havia passado pela experiência do parto, então eu mesma poderia dar respostas que antes só quem era mãe sabia...


novembro de 2005



Chegou o grande dia...naquela manhã de 7 de abril de 2006, acordei com uma cólica muito forte. Daquelas que refletiam nas costas. Pensei: é hoje! Estava certa, fui consultar a médica na manhã e à tarde lá estava eu na maternidade mais uma vez. Agora, ao mesmo tempo que esperando para parir, deixando um pedacinho de meu coração com o filhote mais velho - em alguns momentos de instante ele deixaria de ser o filho único para ser o único menino...

No saguão de espera, minha obstetra perguntou se eu faria parto normal. Eu morri de medo e juro, pensei que ela estivesse brincando, disse um sonoro não... Lá fomos nós para o Centro Cirúrgico, mais uma vez... Eu temendo pela anestesia, morrendo de medo de morrer e deixar meu filho, de dar à luz a filha, era medo de tudo e ao mesmo tempo, uma imensa vontade de viver e enfrentar tudo que pudesse estar me afrontando naquele momento. Eu só tinha uma única certeza: não poderia fugir correndo pela porta ali, do centro cirúrgico assim do jeito que me ocorria naquele instante, e dali não sairia sem ter chegado minha Manuela...






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pode escrever seu recadinho! Adoro visitas em meus posts!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Voltar ao topo